Search
Close this search box.

48 quadros por segundo – Uma janela para o real?

Compartilhar conteúdo:

Gerou polêmica a breve exibição para investidores e jornalistas de trechos do novo filme de Peter Jackson, O Hobbit – Uma Jornada Inesperada. Voltando a franquia O Senhor dos Anéis, desta vez levando ao cinema o livro anterior de J. R. R. Tolkien, o diretor resolve apostar tudo no registro da imagem filmada em 48 quadros por segundo, o que causa um enorme realismo. Por outro lado, perde a “textura” (chamarei assim) do cinema tradicional e se assemelha bastante a uma imagem televisiva de alta definição (como muitos criticaram). O realismo é tanto que alguns comentam que pareciam estar vendo algo como uma peça de teatro ao vivo. Nenhum detalhe escapa, nem mesmo os poros da pele do ator.

[imagebrowser id=14]

Mas até onde isso seria um avanço importante para o cinema a ponto de ser adotado pelo público, assim como a transição do cinema mudo para o falado?

Nesses últimos tempos vimos o retorno bem sucedido do 3D estereoscópico, a cada dia mais e mais preenchendo as salas de cinema com seus blockbusters desde que James Cameron apostou em tal tecnologia com seu Avatar (do mesmo modo que Peter Jackson está apostando nos 48 quadros por segundo). Pouco conhecido do público brasileiro, já que existe somente um cinema no país que o comporte, o cinema IMAX tem ganhado terreno em algumas cenas de filmes como o recente Missão: Impossível 4 e, principalmente, nos “Batmans” de Christopher Nolan, sendo este diretor o que mais investe nesse tipo caro e bastante imersivo de cinema.  Tanto a forma para filmar (câmeras caras e pesadas que usam uma película maior do que a tradicional) quanto sua projeção (telas com 22 metros  de largura e 16,1 metros  de altura) dependem de toda uma nova estrutura cinematográfica.

Todas essas tecnologias tem um objetivo: a plena imersão do público no filme.

Será que desta vez o cinema irá se tornar uma verdadeira janela para a vida real? Como assistir um filme no cinema fosse o mesmo que abrir a janela do nosso quarto escuro e ver a rua luminosa?

Apesar de todo o estranhamento causando pela breve exibição de O Hobbit – Uma Jornada Inesperada, acredito que dependerá da sua estreia em 14 de dezembro de 2012 para que os 48 quadros por segundo seja reconhecido como mais um avanço do cinema ou uma invenção que será rejeitada por ir contra a essência estética da imagem cinematográfica, seu peculiar aspecto que a difere da imagem televisiva.

Mas fica ainda a pergunta: Até que ponto o cinema precisa se assemelhar ao máximo a visão do olho humano com a vida real?

Imagens: The Hobbit Blog