Onde está o dinheiro? Essa é a pergunta que me faço sempre que deparo com a velha desculpa da atual gestão do Estado: não temos recursos.
E, ao que parece, o executivo estadual anda numa pobreza franciscana. Carros de polícia sem o aluguel pago, policiais sem coletes a prova de balas, delegacias que ainda usam máquinas de escrever, prisões sem agentes penitenciários, sem cadeados, sem câmeras de segurança, déficit de servidores que contamina praticamente todas as pastas do Governo, salários congelados.
Pior: nenhuma obra, nenhum investimento feito. Uma letargia completa.
O orçamento do Estado do Rio Grande do Norte para 2012 está na casa dos R$ 10 bilhões. Não é o suficiente? Vale frisar: se uma coisa está sendo tratada com pura competência pela atual gestão é na capacidade de inflar o sucesso fiscal do executivo.
Desde o ano passado batemos recordes de arrecadação de impostos. Fato que deixa ainda mais intrigante a pergunta: para onde esse dinheiro vai? É reinvestido? Ou a prioridade do governo estadual é outra?
Por outro lado é patente o desmonte do estado: secretários largando o barco (Setur, Sejuc, Emprotur, Idiarn, Casa Civil), projetos sociais comprometidos, servidores organizando greves e mais greves, população insatisfeita.
Rosalba organizou sua campanha com a promessa de reorganizar a bagunça do governo anterior e, a partir daí, investir no crescimento econômico e social do Estado.
Em 15 meses de gestão o cenário é outro: a pobreza franciscana do Estado parece estar mais aprofundada. O que era ruim na gestão anterior, hoje está pior. E o que era, digamos, razoável, hoje está ruim.
É, até agora, uma gestão midiatizada, com uma secretaria de comunicação inflada de verbas publicitárias para cooptar a imprensa e vender um Estado que, infelizmente, ainda não vemos. Exatamente a mesma estratégia de Micarla de Sousa. A prefeita quis passar uma imagem do que não era e hoje é tida, pelos seus críticos mais amenos, como cínica. Os mais ferrenhos adjetivam-na de nomes impublicáveis.
Há até quem preveja que a queda de Rosalba se assemelhe a queda da atual prefeita de Natal, dada a coincidência das circunstâncias. Eleição no primeiro turno, muito investimento de mídia, Estado parado e nenhum avanço em áreas cruciais para o Rio Grande do Norte.
E a receita de governar com arrogância e autoritarismo, culpando sempre o governo anterior está sendo seguido à risca pelo grupo da atual governadora. Parece filme repetido dos primeiros anos de Micarla no poder.
Resultado: 15 meses e mais de 60% de rejeição. A casa dos 90%, recorde que a atual prefeita conseguiu bater, já aparece no horizonte.
Se os rumos não mudarem, é possível que em pleno ano eleitoral Rosalba seja tão mal avaliada como a atual prefeita.
E eu não confiaria a Copa para dar ao grupo dominante fôlego eleitoral suficiente que garanta a permanência no poder. Do jeito que as coisas andam, principalmente quanto às obras e à insatisfação do natalense, eu me mexia desde já.
Ah, e detalhe: última pesquisa Consult revela que frustração do mundial será debitado na conta dos governantes locais.
O eleitor hoje tem mais elementos para analisar uma gestão e decidir seu voto do que o de 20 anos atrás e, da mesma forma que não engoliu a imobilidade administrativa da prefeitura de Natal, não deverá engolir a do Governo do Estado.