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Circular UFRN – Entrevista com a Comissão Política dos organizadores do ato

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Como membro do Movimento estudantil, agora chamado, chamado Frente de Mobilização Estudantil (anteriormente chamado de Frente de Esquerda Universitária). Resolvi fazer algumas perguntas, por e-mail,  aos membros da comissão política do movimento: Raquel Cardoso, estudante de Serviço Social e Agenor Florência, estudante de Ciências Sociais. Eles comentaram sobre o ato do dia 29/03 contra a superlotação do ônibus circular, falaram de outros pontos problemáticos, sobre o DCE e prováveis próximos atos do movimento ao qual pertencem.

Imagem: LuMaxArt

Como avaliam o ato do dia 29/03? E o fato de no dia seguinte, ter saído em diário oficial que mais um ônibus iria integrar a frota da universidade?

Raquel: Avalio como bastante positivo como um primeiro ato. Este ato mostrou que os estudantes têm animo de luta e poder de mobilização e organização para conquistar suas reivindicações.

Acredito que o fato do dia seguinte ter saído uma matéria informando do aumento de mais um circular tem um caráter importante, pois mostra que a organização massiva dos estudantes conseguiu arrancar da burocracia esta conquista inicial. Esta parte me parece importante porque demonstra que a nossa organização e a nossa luta coletiva nos fazem forte. Pois somos pouco escutados na universidade, temos pouquíssimo ou quase nenhum poder de decisão, mas quando estamos juntos na luta nos fazemos ser escutados.

Agenor: A avaliação que faço do ato do dia 29/03 é positiva, pois não só conseguimos reunir vários estudantes que sofrem com os problemas da nossa Universidade, conseguimos também encontrar a Reitora e mostrar a insatisfação dos usuários de um bem que é público e, acima de tudo, é um direito nosso. A colocação de um circular a mais na frota não quer dizer que isso irá sanar por completo o problema. Bom lembrar também que esse circular, assim como nenhum dos outros 5 que compõem a frota,  não atende a Lei nº 10.098 que exige condições adequadas para os estudantes com necessidades especiais.

Dizem que é um problema da prefeitura e da Semob. Então por que pressionar a reitoria?

Raquel: A reitoria é quem responde pela universidade. Ora, tudo que acontece dentro da UFRN é de responsabilidade da reitora. A questão do circular interfere diretamente na vida acadêmica e põem em risco a vida dos estudantes. São muitos que chegam atrasados nas aulas pela demora do circular e/ou porque o circular passa e os estudantes não conseguem subir, além disso, os estudantes que estudam a noite por muitas vezes têm que ir andando para o Via Direta porque não consegue subir no circular de tão lotado e assim ficam a mercê das adversidades noturnas. Acontecendo tudo isto com o corpo discente da UFRN e como dizer que a reitora está isenta do processo?

Agenor: A reitora é responsável por tudo que acontece dentro da UFRN. Os problemas do RU, as enormes filas das Xerox, a limitada quantidade de livros disponíveis para empréstimos e a forma como os estudantes se locomovem dentro do campus. Por isso os problemas que envolvem o circular devem ser da responsabilidade da UFRN. Se o aluno não chega com condições mínimas para assistir sua aula porque o circular está mega lotado e não para na sua parada, a reitoria deve promover melhoras diretas para esse tipo de problema, pois além de ser um direito estudantil o não rendimento em sala de aula significa dinheiro público sendo jogado fora, uma vez que é a população que mantém esses alunos em sala através do pagamento de impostos.

Haverá novos atos?

 Raquel: Com certeza! Estamos nos organizando para isso. Estamos construindo uma Frente onde tod@s os estudantes possam participar e decidir as próximas atividades. A conquista de mais um circular não modifica nossa reivindicação, pois o acréscimo de um circular não mudará a humilhação e os transtornos causados. Queremos o aumento da frota segundo a demanda.

 Agenor: Sim! Todos os alunos que estudam na UFRN sabem que além do circular, existe uma demasiada carga de problemas que dificultam diretamente o rendimento dos estudantis. Problemas como RU insuficiente, super filas em Xerox, promoção de eventos e debates taxados com inscrições abusivas dentro de uma instituição pública interferem diretamente na vida dos estudantes que realmente querem alguma mudança dentro do campus e da sociedade Norteriograndense como um todo. Por isso, apenas quando todos esses problemas forem solucionados iremos nos retirar desse processo de luta e democratização do espaço público.

Vocês não tem vinculação com o DCE? Por que eles não participaram do evento? Como você avalia a ação deles sobre esse assunto?

 Raquel: Bom, existe uma pequena vinculação. Como a composição do DCE é proporcional  ela não é composta apenas por uma chapa, mas cada chapa que concorre tem direito a cargos proporcionais aos votos. Neste caso, como nesse movimento existia integrante da direção minoritária do DCE (poder estudantil) existe uma relativa vinculação. No entanto, o DCE é dirigido  politicamente pelo PT, esta corrente tem a maioria dos cargos do DCE. Esta direção por muitas vezes serve como correia de transmissão do governo e da reitoria e assim engessa a organização e a luta dos estudantes. Assim preferem fazer os acordos “entre eles” e não se chocar diretamente com a burocracia. Por isso que dificilmente chamam assembléias e quando chama pouco divulga.

Daí pode-se perceber que a atitude do DCE referente ao circular é de conluio com a reitoria, tentado direcionar o problema do circular apenas para a prefeitura, tentando retirar da reitoria sua responsabilidade.

Agenor: Não estamos vinculados ao DCE pelo simples fato que eles estão de mãos dadas com os interesses da reitoria. Todas as decisões que são tomadas por essa entidade, acontecem dentro do gabinete da reitoria longe das principais pessoas que deveriam estar construindo as decisões que são os estudantes.

A Frente de Esquerda Universitária tem mais alguns pontos, além do circular?

 Raquel: Com certeza! São muitos os problemas na universidade: O RU é muito caro, o espaço é pequeno; Não existe material didático suficiente na biblioteca, assim temos que pagar um valor abusivo de Xerox mensalmente e a Xerox é privatizada; pagamos muitas taxas; O novo regulamento é um retrocesso das conquistas dos estudantes; etc.

Então, quais os próximos passos da Frente?

 Raquel: Fica difícil dizer os próximos passos porque esta é uma organização coletiva que irá decidir seus próximos passos  nas próximas reuniões, mas acredito que esses próximos passos externos será direcionado para a audiência com a reitoria e com a prefeitura em relação ao circular. Acredito que a nossa principal tarefa neste momento é organizar uma grande frente, não mais como extensão da frente de esquerda, mas como uma Frente de Mobilização Estudantil, onde tod@s @s estudantes possam ter esse espaço como referencia de organização da luta.