Por Gunther Guedes
(Estudante de Comunicação Social – Jornalismo pela UFRN)
Não existe uma profissão mais plural que o jornalismo. São pessoas com diferentes habilidades, gostos que se reúnem para escrever e narrar a sociedade para a própria sociedade. E pensando nos vários estilos, descrevi alguns deles que convivi:
Jornalistas-poetas: no lugar de simplesmente noticiar, estes revelam-se bons escritores de livros com bastante dramaticidade e riqueza nos detalhes. Infelizmente, na correria dos meios de comunicação, estes poetas da informação são obrigados a seguir a prática convencional – noticiar os fatos. Contudo, surgiu um espaço para eles, o chamado jornalismo cultural, onde podem mergulhar nas emoções. Algumas revistas já estão focando nessa nova área;
Jornalistas-celebridades: São muitos. Estes, quando entram no curso, sonham em ficar famosos. Se espelham muito em Fátima Bernardes e William Bonner. Geralmente, são aqueles que optam pela Televisão (seguindo seus mestres), mas podem ir para outras áreas também. São vaidosos e bem cuidados (na maioria dos casos!);
Jornalistas-mundo-sonhador: Entraram no curso querendo cobrir uma guerra e se não der nada certo apenas ser correspondente internacional (só isso!). Assistiram muito Caco Barcellos em suas andanças pelo mundo. Estes possuem instintos humanistas e querem, como ninguém, melhorar o mundo em que vivemos;
Jornalista-publicitário: É aquele que gostaria de ter feito publicidade (e também são muitos – acho que só perdem para os jornalistas celebridades). Prefere escrever pouco e com frases de efeito. Vive saindo com o diagramador, os publicitários da redação e os profissionais de Rádio e TV;
O sanguinário: Geralmente é o antigo da editoria de polícia (hoje virou, na maioria dos jornais a editoria de Cidades). É do tempo do Código de Menor e adora fotos polêmicas e sempre recheadas com sangue. Não é fã do Estatuto da Criança e do Adolescente por que este não aceita a linguagem da classe;
Há os jornalistas que são donos de blogs: Trabalham desde os grandes centros urbanos até as pequenas cidades. São os informantes de tudo o que acontece. Alguns escolhem alguma editoria, enquanto outros falam sobre tudo. São seres que merecem respeito pelo importante trabalho que fazem. Sem eles, a informação teria distância para acabar.
Repórter-fotográfico: Os olhos do jornal e da sociedade. É aquele que retrata em uma pequena tela toda a dramacidade do momento. Mexe (com todo o apelo visual) com nossas emoções. Hoje, ele já está escrevendo, fotografando e filmando (daqui a pouco todos farão isso).
Os ditadores, opa, os editores: São os mais experientes dos jornais. Possuem cargos de confiança por que conhecem a rotina do corre-corre e se deram bem no passado. Editores são os responsáveis pelas frases mais temidas e aclamadas pela redação, como por exemplo: “Tá grande demais, corte um parágrafo”, “Falta uma hora para o fechamento da edição”, “João, cadê seu texto? É pra hoje ou para amanhã?”, “Só isso? Apure mais”, “Parabéns, o dono do jornal mandou parabenizá-lo. Você captou a essência”;
Jornalista de economia: Seu dever é transcrever dados, uma tarefa árdua para jornalistas/humanas que naturalmente odeia matemática (na maioria dos casos escolheu o jornalismo por que nunca iria mais ver matemática). Os que são bons com números (raridade) tem emprego para o resto da vida, entretanto, são frequentemente esquecidos nos jantares e outras confraternizações.
Jornalista-esportivo: o mais fanático de todos (pera, também tem o político). É aquele que escolheu o jornalismo por que queria entrar em todos os jogos do seu time de graça e queria escrever a vida toda sobre o seu hobby. Não existe imparcialidade nessa área. Quando o time dele ganha, pode escrever 50 linhas, entretanto, quando o adversário ganha, escreve apenas o necessário e ainda fala do campo, da grama, do técnico;
Pauteiro: É aquele que passa todas as informações do que deve ser feito. Depois de muito tempo dizer que é filho de pauteiro é sinônimo de preguiçoso. E ninguém nunca perguntou o que o pauteiro acha disso. Ele também pode ser o editor;
Tem o famoso repórter político: aquele que é incansável, não desiste nunca. Para alguns, os mais chatos da redação. Mexem com gente grande e precisa de muita coragem para fazer um bom trabalho. São corajosos e precisam de muito “expertise”, se não, caem na pobreza de apuração. Geralmente só falam sobre isso, é amor demais;
Assessor de Imprensa: o amado e odiado. O aperriador dos telefonemas alheios. Uma coisa é certa: assessor nunca sabe quando ligar para o editor ou o repórter, por que sempre atrapalha alguma coisa. Vivem separados dos demais. Alguns até se acham especiais, mas são filhos da mesma comunicação. Dizer que sofrem menos com o Deadline é brigar com a classe. (mas sofrem menos sim);
Os recém-chegados: jornalistas-twitteiros: São os novos jornalistas, os especializados em mídia social. Diferente dos antigos, precisam saber de linguagem de computação, marketing, design, eletrônica, etc. São aqueles que adoram Twitter, Facebook, Foursquare, Instagram e etc. Estão na profissão que pediram a Deus;
E claro, os desiludidos: Aqueles que passaram quatro anos e meio no curso, mas que não conseguiram vencer os preconceitos da sociedade. Aqueles que o mundo também não aliviou e desistiram. São pessoas que na maioria das vezes não vivenciaram a prática de correr atrás de uma pessoa faltando uma hora para o fechamento da edição, ou que sonha em construir um quadro com as suas melhores matérias ou que vai mudar a vida de alguém com sua publicação.
Nota própria: ninguém me disse que ser jornalista seria fácil. Por que não é. Quem é jornalista sabe. Está sempre na rua, observando o movimento das coisas e pronto para escrever. É um detetive por natureza, herói do cotidiano, poeta e amante das palavras, é um Clark Kent ou mulher maravilha nas seis horas (em teoria) que trabalha, mas é um apaixonado pela vivacidade que a profissão propicia.
E para todas essas pessoas que vivenciam essa correria, essa realidade, eu desejo umFeliz Dia do Jornalista. E muito sucesso!