O Partido dos Trabalhadores/RN, conforme tese defendida por um jornal rosalbista, sofreu um processo de centralização que resultou na formação de duas “oligarquias”: a liderada pela deputada federal Fátima Bezerra e o grupo capitaneado pelo deputado estadual Fernando Mineiro. Além da falta de critério conceitual, já que o fato de um partido ter líder(es) não significa automaticamente oligarquia, o raciocínio desrespeita a própria história de formação das agremiações políticas do RN.
Se oligarquia é o “governo de poucos”, então, se comparado aos demais, o PT é o que menos se enquadra no RN em tal acepção. O partido da estrela vermelha, entre os grandes, é o que tem a maior tradição de realizar prévias, de praticar a participação interna dos seus filiados. Tanto que, dia 18/03, a companheirada irá escolher em Mossoró entre a adesão a candidatura de Larissa Rosado (PSB) ou lançar candidatura própria, apresentando Josivan Barbosa, reitor da UFERSA, como seu representante no pleito municipal/2012. Ora, há duas teses em disputa. E, em que pese toda a pressão e os, as vezes, ânimos acirrados, haverá votação, existirá o combate democrático.
Mas alguém legitimamente pode argumentar: ocorreram momentos em que determinados rumos foram impostos dentro do PT. Sim, é verdade. Em 2008, ao lançar o nome de Fátima Bezerra como uma decisão vinda lá do “céu”, o PT esqueceu de respeitar sua militância, tanto que a deixou desarticulada e desmotivada. Porém, a exceção tende a confirmar a regra. O fato concreto é que há, majoritariamente, uma prática disseminada de discutir e votar decisões importantes dentro do PT.
Em contrapartida é possível indagar: quando foi que o DEM e o PMDB produziram prévias? Ouviram os seus militantes? Alguém ainda se lembra das consultas do antigo Movimento Democrático Brasileiro? Elas se processaram, mas foi num período bem, bem, bem distante. E o DEM? Alguma vez aconteceu de José Agripino deixar o processo de escolha dos candidatos para os seus filiados?
Enquanto, continuando a comparação, o PT faz votação interna para escolher que caminho tomar em Mossoró, Alves (PMDB) e Maia/Rosado (DEM) se sentaram em um confortável restaurante em Brasília, conforme foi amplamente noticiado pela imprensa local, e decidiram, a total revelia dos membros das suas agremiações, quais serão os candidatos nos principais redutos eleitorais do RN e como caminharão daqui para frente.
Antes, caro leitor, de me taxar de simpatizante do PT, peço que pese todos os argumentos, questione se eu trai a realidade dos fatos narrados e veja quais são os partidos que podem, consistentemente, ser enquadrados como oligárquicos, como o governo de poucos no RN.