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Efeito Borboleta – Ignore seu GPS

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Por Madame Borboleta

 Sexta-feira é um ótimo dia para começar a ser otimista. Você já passou a semana se lamentando sobre sua vida, pensando em mil formas de aliviar seu sofrimento, reclamando da sua geladeira e do seu copo meio vazios. Chega, já deu! É hora de você entender que ser sombrio e deprimido não te leva a lugar nenhum, a não às sombras e à depressão.

Você já sabe que a verdade não existe (se você não sabe, saca só aqui). Todas as coisas que te rodeiam são apenas o recorte que você faz do seu mundo. E tudo no mundo tem um lado bom e um lado ruim, até mesmo o disco do Agepê.

Desapegado dos conceitos de verdade universal, sombras e sofrimento, você vai perceber que cada “Não” da sua vida tem um potencial transformador. Cada negativa é um recomeço. Aquele idiota que não te ligou no dia seguinte te deu a chance de conhecer um novo idiota mais apropriado (lembre-se, é sexta! O “idiota” é inevitável). Aquela empresa que não te contratou te abriu as portas para você começar a pensar “É isso mesmo que eu quero fazer da minha vida?”. Sua falta de dinheiro te permitirá ficar em casa curtindo um espaço em que você é rei. Um rei absolutista responsável por todas as leis que regem o funcionamento da sua microssociedade de um homem só.

Ser feliz e simpático, hoje, é uma afronta ao sistema em que você vive. Esse mesmo sistema que te vende abismos, crises e catástrofes como meios de vida (por que, hein?). E que te faz duvidar e hostilizar seus iguais (somos todos iguais, um monte de vísceras desejando que haja algum sentido para além do fisiológico). Pense: menos penhasco abaixo, mais Everest acima.

(É sexta!) Pode ir parando de realçar as coisas ruins da sua vida. Elas existem, eu sei. Mas você não é privilegiado com auguras existenciais. Todo mundo passa por elas. Ser otimista não é ser alienado. Pare com essa bo-lu-dez de seguir um caminho predeterminado pelo seu GPS social porque, acredite!, ele não te levará ao Paraíso. Ser otimista é ver o lado ruim das coisas e, ainda assim, optar por ser feliz. É ver que sua vida é uma merda, mas querer que ela seja melhor. Porque a vida é sua. E, eu sinto muito!, ela não vai durar pra sempre.

Meu nome é Madame Borboleta e, Sim!, às vezes eu me canso do meu otimismo. Mas a alternativa a ele não me cai nada bem.

 


Madame Borboleta é um ensaio bailante e quase-pucciniano de Pornopolítica. Especialista em desconstruções filosófico-existenciais, ela está neste mundo apenas pela bebida grátis. Seu hobby é dançar em cima da mesa e, vez ou outra, sambar na cara da sociedade. Contato: @mmeborboleta (Twitter) e mmeborboleta@gmail.com

 

Fonte da imagem: Banco de imagens do Google (Foto: E. J. Bellocq, 1873 – 1949)