Críticos do PIG (Partido da Imprensa Golpista) ou dos Petralhas? Se posicionar a favor de qualquer um dos lados implica em abandonar a possibilidade de construir uma verdade minimamente satisfatória.
Aqueles que apontam acertadamente que os jornais têm lado(s), erram ao resumir tudo a um interesse supostamente escondido, às vezes, conspiratório. Ainda que os veículos de comunicação cultivem inclinações ideológicas e a idéia de imparcialidade se configure como mera atitude retórica, uma ilusão (auto) enganadora do campo jornalístico, toda a atividade da imprensa não pode ser resumida a este ou aquele interesse. Um jornal, por mais conservador que seja, se vê obrigado, em muitos momentos, a noticiar, ainda que de maneira possivelmente caricaturada, eventos que contrariem suas aspirações. Ele precisa de alguma legitimidade para denunciar, para noticiar. Até a Veja, que é claramente um panfleto direitista, pode informar acontecimentos legítimos, com verossimilhança com a realidade. A manipulação existe, mas há também outros condicionamentos.
Os críticos do PIG acertam quando dizem que a notícia tem viés, que assuntos são, muitas vezes, requentados com intenções nada gratuitas. Porém, isto não apaga o conteúdo em si. Denuncia, no máximo, a forma. A cobertura do escândalo da Casa Civil durante as eleições presidenciais, em que uma assessora de Dilma foi pega em ato de corrupção, tinha alvo claro, mas seu conteúdo se revelou verdadeiro no decorrer do processo. Corrupção de esquerda não é menos criminosa. Ou mais perdoável.
Os “éticos”, por sua vez, não se cansam de mostrar os deslizes dos “petralhas” (como membros do PT são chamados). Ainda que criticar atos de corrupção seja importante, ser contra ela não é projeto. Afinal, quem não é contra a corrupção? Além disso, a visão moralizadora da política, dada a histerias, tende a desconsiderar que mais pessoas são pegas com a mão na botija hoje porque os mecanismos estatais fiscalizadores foram sensivelmente desenvolvidos. Não porque o PT está no poder. Pelo contrário. Os órgãos de controle evoluíram durante o período PTista: PF, MP, COAF, CGU, TCU, etc, nunca tiveram tanta liberdade. Muita gente esquece, talvez por conveniência, que os chamados “mensaleiros” foram enquadrados por essas instituições e que a prática da compra de votos tinha cerca de 20 anos, que já era bem consolidada no congresso.
Pensada nesses termos (PIG x Petralhas), a política perde a sua capacidade realizadora e é resumida a busca da desqualificação/imposição de sentido. Um bom caminho para discutir o que realmente não importa. Um Fla x Flu chochinho..