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J. G. de Araújo Jorge: Lembram-se?

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Quando Marize Castro, uma das melhores poetas deste país (comentei recentemente sobre seu talento neste site), nem pensava em nascer, um certo J. G. de Araújo Jorge já era o maior fenômeno “poético” do país, num período que se estendeu com mais força nos anos 50 e 60. Sua “poesia” era melosa, romântica e de péssima qualidade. Escreveu uns 20 livros. Não havia uma moçoila em flor que não tivesse um livro dele. Seus poemas inspiraram muitas cartas de amor com todos os lugares comuns imagináveis. Seus livros, que vendiam feito farinhas na Feira do Alecrim, eram o exemplo de como “não se faz poesia numa época das vanguardas poéticas e experimentalismos”. Mas, na opinião geral, poesia era a de J. G. de Araújo Jorge. Na época, nunca fui tentado a ter o desprazer de ler suas bobagens “poéticas”. Mas era impossível ignorá-lo. Outro dia, num “sebo” comprei um de seus livros. Certas idiotices líricas me divertem. Assim como há o teatro do besteirol, deveria haver a poética do besteirol. J. G. de Araújo Jorge seria o príncipe do besteirol poético. Sempre tive curiosidade de saber da vida deste fenômeno poético. Salve a internet. J. G. de Araújo Jorge nasceu no Acre em 1914, veio para o Rio de Janeiro. Ironia. O poeta de rimas, líricas, era contra o Estado Novo do ditador Vargas. Foi preso e se elegeu deputado pelo MDB. Ficou conhecido como “o poeta do povo” e apesar de suas ideias anti-Estado Novo, sua poesia preferiu o caminho de um lirismo, cujas bobeiras poderiam ser musicadas por esta praga de pagodeiros e duplas sertanejas pelo país. Faleceu dia 27 de janeiro de 1987. Sua obra foi esquecida. Hoje se encontra seus livros nos “sebos” a um preço insignificante. No prefácio de um de seus livros, Polvina Cavalcanti diz que o poeta “prefere a técnica passadista, abusando até do soneto”. O que será “abusar” do soneto? Junto, os livros de J. G de Araújo Jorge dariam um “dicionário” de lugar comum. Vamos lá “e o poeta é esse rio a encantar a floresta”; “a minha alma é enveredada numa felicidade em suspensão pelo ar”. Meus sais, amiga e poeta Marize Castro. “Poetas” como J. G de Araújo Jorge só contribuíram para a ideia de que poesia são estas mesmices líricas insuportáveis. No velho Atheneu, onde estudei, criei ódio às besteiras bilaquianas e de Casimiro de Abreu. Para bagunçar o coreto, eu escrevia como sendo de (Carlos Drummond) que o imenso poeta mineiro nunca escreveu. Tinha um professor de Português que me elogiava pelos poemas drumondianos.

 

EM TEMPO:

 

A vampira de Neópolis vai voltar no Carta Potiguar brevemente. Publicaremos os e-mails dela para o poeta Márcio Rosset. Aguardem!.