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Zygmunt Bauman e sua ácida crítica do Facebook e do Twitter

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Em mais um livro de grande sensibilidade, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman analisa os mais variados temas, que vão desde o Twitter até Barack Obama.

Retirei alguns trechos, para não ter problemas com questões autorais, em que ele fala sobre Twitter e Facebook.

Vale a pena conferir!

Porém, o ideal mesmo é comprar o livro.

 

Trechos extraídos do livro “44 Cartas” retiradas do mundo líquido moderno de Zygmunt Bauman:

 

“(…)O que nós e todos os nossos iguais somos levados a compreender é que a única coisa que importa é saber e contar aos demais o que estamos fazendo – neste momento ou em qualquer outro; o que importa é “ser visto” (…).

(…)O contato face a face é substituído pelo contato tela a tela dos monitores; as superfícies é que entram em contato. Por gentileza do Twitter, “surfar”, o meio de locomoção preferido em nossa vida agitada, cheia de oportunidades que nascem e logo se extinguem, afinal chegou à comunicação inter-humana. O que se perde é a intimidade, a profundidade e durabilidade da relação dos laços humanos(…).

(…)Penso, logo existo” é substituído pelo “sou visto”, logo existo(…).

(…)O padrão é estabelecido pelas celebridades. Não se mede o peso e a importância da existência dos “famosos” pela relevância do que eles fizeram, isto é, pelo peso de seus feitos(…).

(…)Se muita gente as olha, vigia cada passo que dão, se muitos dão ouvido às fofocas a respeito de suas últimas aventuras, maldades e travessuras, se muita gente fala delas, então deve haver “algo nelas” – afinal, tantos não poderiam estar tão errado ao mesmo tempo(…)

(…)Minhas mensagens lançadas ao mundo também são um meio de incrementar minha importância espiritual(…).

(…)O que conta é ser visto(…).

(…)O Twitter, é para nós, pessoas comuns, o que as capas de revistas semanais representam para os poucos que são proclamados extraordinários. Nosso Twitter é uma espécie de replica das butiques de alta-costura no comércio popular: o substituto da igualdade para os destituídos. Aos que estão condenados a comprar nas lojas populares, o Twitter atenua as crises da humilhação causada pela falta de acesso às lojas executivas”(…)

(…)Esquecidas ou jamais aprendidas as habilidades da interação face a face, tudo ou quase tudo que se poderia lamentar como insuficiências da conexão virtual on-line foi saudado como vantajoso. O que o Facebook, o Myspace e similares ofereciam foi recebido alegremente como o melhor dos mundos. Pelo menos foi o que pareceu àqueles que ansiavam desesperadamente por companhia humana, mas se sentiam pouco à vontade, sem jeito e infelizes quando cercados de gente(…). 

(…)É possível fazer “contato” com outras pessoas sem necessariamente iniciar uma conversa perigosa e indesejável. O “contato” pode ser desfeito ao primeiro sinal de que o diálogo se encaminha na direção indesejada(…).

(…)O que parece estar fora de dúvida é que pagamos um preço por tudo isso(…).

(…)Quem vai querer conversar com parentes quando os amigos estão a um clique do teclado(…)?”