O sociólogo alemão Nobert Elias, ao analisar a queda de alguns impérios, constatou que, geralmente, eles reagem à perda de poder com a tentativa de demonstração de força. Último suspiro razoável, já que um Estado não costuma perder sua hegemonia sem antes resistir. Este movimento, segundo Elias, foi o responsável por muitas guerras no decorrer da história da humanidade.
Fazendo o transporte – um pouco absurdo – de tal fenômeno, foi, mais ou menos, o que ocorreu na luta de Henrique Alves. O líder do PMDB na câmara deu verdadeiros chiliques contra o governo, que tentou (e conseguiu) limar o Diretor Geral do DNOCS, Elias Fernandes.
Ainda que tenha recebido fogo amigo, denunciar a manobra interna na base do governo não era, como ficou claro depois, suficiente para secundarizar as muitas denúncias que foram apresentadas contra o indicado de Henrique.
Alias, porque até agora o deputado estadual Gustavo Fernandes não se manifestou sobre as denúncias que dão conta de uma suposta “mãozinha” que o DNOCS deu para a sua campanha em 2010?
Famoso pela sua capacidade de articulação, Henrique parece ter esquecido naquele momento que os “inimigos”, num presidencialismo de coalizão, estão na própria base aliada e não na oposição. Até porque os concorrentes estão dentro da base e não fora dela. No entanto, a partir do instante em que as denúncias ganham os jornais, esta regra interna desaparece.
As tentativas de demonstração de força de Henrique foram desmedidas. As ameaças contra ministros do PT beiraram o amadorismo passional. Tanto que o desgaste foi imediato.
Há quem diga até que a cadeira da presidência da câmara esteja ameaçada. Exagero. Erro, talvez, motivado pela confusão entre desejo e realidade. Ainda que esteja pressionado pelos PMDBistas, que também sonham em ocupar o lugar que lhe foi prometido, é importante lembrar que o avalista de Henrique é Michel Temer, o que não é pouca coisa.
Henrique, não custa nada lembrar, não é “menino”, como a gente costuma dizer por aqui. E, em que pese o revés sofrido, não irá permitir que o vice-presidente se apresente como grande constitucionalista acima de qualquer suspeita, enquanto ele leva toda a fama de fisiologista gratuitamente.
2014
O desgaste de Henrique, se hipertrofiado, pode levar Fátima Bezerra a se candidatar em 2014 para o senado. É que as chances da professora crescem, na mesma proporção em que o PMDBista se enfraquece. Sendo o provável principal concorrente de Fátima, o líder do PMDB no RN depende, em grande medida, da estratégia de terra arrasada (como costuma dizer um conhecido), já que a urna nunca foi o seu forte.
Diante de tal cenário, a deputada – alguém acredita que não? – torce para que Henrique não saiba digerir as suas derrotas, como ocorreu no caso DNOCS, para não conseguir saborear possíveis vitórias futuras.
PS. Foto de alex Regis e retirada da Tribuna do Norte.