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Um herói natalense chamado usuário de ônibus coletivo

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Por Roberto Grossi,

Ao saber da licitação confeccionada pela SEMOB, através de empresa de consultoria, para criação de novas linhas de ônibus em Natal e possível ingresso de mais empresas no setor

(…)Agora posso me deslocar mais tranquilo sabendo que a SEMOB está tocando a licitação?

Poderei um dia fazer como a imensa maioria dos cidadãos, de lugares com economia compatível com a nossa, e utilizar também o transporte público rotineiramente, usando o transporte individual como exceção?

É a unica alternativa que propicia mobilidade urbana. Ou um transporte público digno ou o caos. Hoje vivemos o caos no transporte público e o trânsito já está complicado exatamente e precisamente devido a isso.

Na página da própria SEMOB  há inclusive um “banner” da Transparência Natal, mas procure qualquer informação sobre trajetos ou horários. Para se ter apenas uma ideia do descaso, a tarifa informada ainda é de R$ 1,85.

É uma colocação apenas “no sentido de” constatar como estamos bem servidos em Natal.

Mas sou otimista, afinal, pior do que está é extremamente difícil de se imaginar.

O transporte público não é pensado PARA o seu usuário. Quem o utiliza hoje não o faz por ser um destemido, um herói, e sim por não dispor de outra alternativa, dadas as péssimas condições (tarifas incompatíveis com o desconforto, inexistência de horários, superlotação) que são disponibilizadas para a população.

O sistema entregue aos sindicato dos empresários nos traz uma aberração que mesmo você, que estou certo que hoje não utiliza o sistema, pode constatar, basta olhar para uma “parada” como a do Midway nos horários de pico ou no encerramento do shopping. Faltam ônibus e sobram passageiros amontoados como gado nos pontos ou compactados como sardinhas em latas sobre rodas.

Verifique nos bairros mais afastados como um trabalhador ou estudante inicia todos os seus dias de labuta.

Se o cidadão, na véspera de uma folga por exemplo, pensa em fazer alguma programação noturna, cultural, ou apenas encontrar seus iguais em um barzinho, é bom gostar do sereno, vai amanhecer o dia esperando um transporte público que ele possa utilizar.

Há linhas que são verdadeira expressão da certeza em atrasos, como o 03 Nova Natal, que ao contrário do nome só tem velhos veículos, verdadeiras diligências a diesel que teimam em sofrer manutenção nas vias públicas. Creio que o carro que mais viagens executa da Rio Grandense é o da manutenção, deve rodar mais que os das linhas somadas.
Não posso me furtar a falar do 01 Cidade da Esperança. Esperança é seu nome, mas, muitos sequer acreditam que tal linha exista. Uma verdadeira lenda urbana.

O sistema de cartões é tão bom que os ônibus tem um e os alternativos outro. O usuário que paga é que se adeque e compre sempre dobrado.
Locais diferentes também para recarga do cartão para trabalhadores, usuários comuns e estudantes. Se olharmos para a região metropolitana, para a Grande Natal, então o negócio fica mais complicado ainda.

Por falar em negócio, os empresários do transporte público precisam entender que eles não fazem um favor a ninguém transportando as pessoas que pagam por isso.
Cada linha é uma concessão pública e deve ser respeitado o seu usuário, motivo da criação da mesma.

Se tivéssemos um poder público atuante a situação não seria a atual. Seja no centro, na zona norte ou sul o serviço é precário e as reclamações vão de leste a oeste. Somente pesquisas falaciosas tentam desmentir tal fato ou, algum programa da TV Ponta Negra.

Mas sou otimista!

A Internet está aí e estamos ganhando as ruas novamente, a existência de importantes espaços de discussão como este despertarão a consciência das pessoas e os encorajarão a lutar por seus direitos. Teremos mais cidadãos. E transporte público cidadão, consequentemente mobilidade urbana. Um viva à Lei de Mobilidade Urbana, conquista da população brasileira.

Em nossa cidade, hoje, nem informações sobre os itinerários ou horários dos transportes se consegue. E para isso basta boa vontade, um pouco de preocupação do gestor pelo usuário. Não se precisa de licitação, nem de gastar muito dinheiro. Apenas boa vontade. Mas ela anda tão escassa no executivo municipal..