Desde que o automóvel existe passou a ser um ícone mais adorado e endeusado por milhões de pessoas em todo o Planeta. Godard fez um filme “Weekend’ que é uma visão critica de um interminável congestionamento numa Rodovia da França. Meu guru Millor Fernandes escreveu que a invenção do automóvel foi uma das piores desgraças da civilização. O número de carros aumenta violentamente nas cidades. Urbanistas mais otimistas calculam que nos próximos cinco anos São Paulo se tornará um caos de difícil solução. A cidade pode parar. Eu não sei dirigir. Li que Sartre também nunca dirigiu. Logo, este insignificante escriba está bem acompanhado.
O ícone automóvel já serviu de inspiração para muitas manifestações artísticas. Mas nada tão bizarro quanto o filme “Crash, estranhos prazeres” do diretor David Cronenberg, premiado no festival de Cannes em 1996 e que agora voltou em DVD.
“Crash” é a historia de um entediado casal que sofre um acidente de carro. A partir daí explora, através da dor uma busca mórbida pelo prazer, ligando sexo a morte e ao perigo. Acabam freqüentando um ‘clube” cujos participantes tem orgasmos múltiplos assistindo acidentes de carros. Uma das personagens da confraria, Gabrielle foi vitima de um acidente e usa uma perna mecânica. Transa dentro de carros como se tudo fosse “normal”. No “clube” ídolos que morreram em acidentes como o ator James Dean são cultuados e adorados. A ambientação e cenário de “Crash” é sempre escuro, sem a luminosidade da alegria, obvio. O resto é uma seqüência de casais fazendo sexo entre aço retorcido, sangue, dor e prazer. Não há Freud que explique. Ele bem que tentou explicar as taras e desvios mentais. ‘“Crash” é uma apologia a estas taras doentias e perversas. Se você tem uma namorada normal que adora os filmes com Antonio Banderas evite convidá-la para assistir “Crash” no seu ape..