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Elevador de serviço e elevador social – a ponta do iceberg do apartheid social Natalense.

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Elevador de serviço e elevador social não servem, na nossa cidade, para o propósito que em teoria se pretendem. Sem o eufemismo das placas “social e serviço”, poderíamos ler: elevador social para “pessoas” e elevador de serviços para animais domésticos e empregados.

Em teoria, o elevador de serviço deveria ser utilizado por aqueles que estão desenvolvendo atividades de grande esforço físico (mudanças, atletas ao voltarem de seus treinos, compras como feiras de casa etc.). O argumento para a divisão é lúcido e sensato: um tipo de elevador (social) deve ser mais “ágil”, transportando os moradores e visitantes etc. para seus apartamentos.

No mundo real não é esta a prática. Elevador de serviço pode ser entendido facilmente como “elevador para os empregados e serviçais” e o elevador social deve ser entendido como “elevador exclusivo para moradores e convidados”.  No elevador social, os moradores acham-se no direito de entrar fedidos, voltando de suas academias ou treinos, subirem com compras entre outras práticas mais que caberiam ao uso do elevador de serviço. Os empregados (motoboys, entregadores no geral, empregadas domésticas etc.), por sua vez, caso usem o elevador social são fuzilados com olhares e gestos, ações nunca verbalizadas, mas que denunciam a insatisfação da elite de dividir o mesmo espaço com a “ralé”. São, desta forma, os “serviçais” jogados para o elevador de serviço, fazendo com que a ordem se estabeleça devidamente.

O Brasil é um país cheio de preconceitos. O que podemos constatar a partir da observação é a existência, em Natal, de um verdadeiro “apartheid social”. Determinadas classes sociais simplesmente não querem dividir seu espaço com aqueles que não possuem o mesmo modo de vida que o seu. As “misturas” são evitadas ao máximo. O mais perigoso do “apartheid natalense” é a sua invisibilidade. Enfim, é isso.