O pacato bairro de Neópolis, onde mora o poeta Márcio Rosseti tem sido assustado pela presença noturna de uma motoqueira, loira alta que dirige sempre em alta velocidade pelas ruas daquele bairro. O pior é que sempre no dia seguinte à passagem da motoqueira tem aparecido animais mortos pelas ruas de Neópolis e mesmo nos quintais dos seus moradores.
A imaginação popular já espalhou pelo bairro que se trata de uma vampira que suga o sangue dos animais. A noticia se espalhou pela cidade e a Imprensa local nunca vendeu tantos jornais. A fértil imaginação de alguns repórteres escreveu que o poeta Márcio Rosseti foi visto na garupa da moto da estranha motoqueira.
Foi o suficiente para que o tranqüilo poeta perdesse seu sossego. Jornalistas invadiram sua casa para que ele confirmasse ou não suas ligações perigosas com a tal “vampira”. O poeta de Neópolis apenas declarou que “isso tudo não passa de um surto de loucura do imaginário popular”. Mas as declarações do poeta não convenceram o povo nem deram fim à onda de comentários e boatos sobre a tal “vampira”. Há quem comente que o poeta está cada vez mais pálido e “estranho”.
Esgotado com o assédio da Imprensa o poeta sumiu de Neópolis com destino ignorado. Mas os moradores continuam alimentar a figura da motoqueira “vampira” cada dia mais. O dono de um bar em Neópolis jura que era meia noite quando a “vampira” entrou no seu bar toda vestida de preto. Sentou-se numa mesa e pediu uma garrafa de cachaça que bebeu em pouco tempo. Depois pegou sua moto e saiu em disparada pelo bairro. Animais domésticos continuaram aparecendo mortos. Os moradores de Neópolis entraram em paranóia. Passam a noite acordados debruçados nas janelas esperando a qualquer momento aparição da “vampira” que sumiu de repente.
O poeta Márcio Rosseti foi visto na praia de Maracajaú caminhando a beira mar com um exemplar de “As flores do mal” de Baudelaire. A “vampira” virou uma lenda.
Neópolis voltou a sua vida normal. Até que uma noite foi inesperadamente invadida por uma praga de morcegos.