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Heavy metal, zumbis e outras coisas: anos 80/90 e dias de hoje…

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Um grande filósofo chamado Karl Marx afirmou uma vez que a história acontece sempre duas vezes: a primeira vez como tragédia, a segunda vez como farsa.

O heavy metal atualmente entende na pele o que o alemão queria dizer. É absolutamente incrível ver a mutação dos “fãs” do Metallica, por exemplo. Há tempos um típico “metalerio” poderia ter sua camisa rasgada se não soubesse “de cor e salteado” todas as músicas e todos os albuns de uma banda. Andar pelas ruas sem vestir preto então, quase um “sacrilégio”. O Fanzine Lado[R], em sua sexta edição, retrata uma cena típica dos anos 80 e início dos anos 90: o radicalismo dos fãs do rock and roll, como podemos ver abaixo:

A tragédia e a farsa são bem visíveis ao se comparar o antes e o depois: Primeiramente o momento “inimaginável”, com o clip Enter Sandman em Moscow, onde podemos ver uma das lendas do Heavy Metal tocando na ex-república-socialista soviética. Os soldados Russos contendo a multidão em 1991 é uma imagem emblemática:

Passada a tragédia, é a vez da farsa. Menininhos com cabelos cheios de gel, com caras e bocas e roupas coloridas fazendo um cover da música supracitada.

Como se já não bastasse tudo isso, outro grande ícone do “underground” da década de 80/90, os “zumbis”, foram literalmente parodiados no mais novo clip “pop” que anda bombando no youtube (Party Rock Anthem):

O contexto é bem típico dos clichês dos filmes de mortos-vivos: dois amigos acordam sem saber o que ocorreu e logo percebem que o mundo inteiro tornou-se zumbi enquanto dormiam. O detalhe da versão “pós-moderna” é que para escapar dos zumbis você não terá mais que explodir cabeças ou correr como um desesperado. Para escapar do “hecatombe” basta “dançar”. Isso mesmo, se você dançar estará livre do apocalipse. O mundo acabando e a solução para os problemas é fazer uma grande festa e dançar…
Mais uma vez a história aparecendo como tragédia e depois como farsa. Um detalhe é interessante de se ressaltar: os filmes de zumbis são “paródias” relacionadas ao nosso modo de vida. Via de regra seus heróis são mulheres, negros ou nerds, os zumbis estão sempre dentro de shoppings e anseiam por cérebros (o famoso “braaaain”, uma das falas típicas dos zumbis), o que retrataria a sociedade de consumo. Geraldo Vandré em nossos dias cantaria: “A consumidores armados com cartões de créditos ou não, quase sempre perdidos de sacolas na mão”. Talvez falte essa delicadeza aos “pops” ao apropriarem-se do ícone “mortos-vivos”. Penso que os filmes de zumbis nunca foram entendidos devidamente.
Depois de ver Restart tocando Metallica e as novas concepções sobre zumbis só posso pensar duas coisas: 1º que o mundo pós-moderno é louco até demais. 2º que estou ficando velho e intolerante.