Diz um slogan do capitalismo selvagem que “o trabalho dignifica o homem”. Um livre pensador que conheci nos meus tempos de Sampa sempre insistiu em que “o trabalho danifica o homem”. Ele dizia isso bem antes das teorias do sociólogo italiano Domenico Di Masi, que defende o ócio contra a obsessão pelo trabalho.
Eu nunca fui apaixonado pelo trabalho. Hoje, aos 65 anos de vida, tenho passado a maior parte do meu cotidiano, deitado numa rede nordestina, lendo ou ouvindo de João Gilberto a Bob Dylan, duas antigas paixões musicais. Vivo como free lancer e trabalho quando quero e quando a geladeira vai ficando vazia. Trabalho o mínimo possível, para sustentar necessidades básicas. Como nunca tive ambições materiais, isso se torna mais fácil e prazeroso.
Mais do que nunca descobri que a rede nordestina é um objeto essencial e indispensável na minha vida. Faz tempo. Não me imagino viver sem uma rede. Falei para um psiquiatra, amigo meu, que em lugar do tradicional divã, os analistas de plantão deveriam usar rede para seus aflitos pacientes. Ele gostou da sugestão. Voltando ao trabalho… a maioria dos meus amigos trabalham muito e vivem, obviamente, estressados. Devem me achar um preguiçoso. É difícil explicar que estas linhas que estou escrevendo para “https://https://https://https://https://https://https://cartapotiguar.com.br//wp-content/uploads/2024/05/temp-podcast-05-2.png.com.br/novo/wp-content/uploads/2024/07/morro-do-careca-2.jpg.com.br/novo/wp-content/uploads/2024/05/temp-podcast-05-2.png.com.br/novo/wp-content/uploads/2024/07/morro-do-careca-2.jpg.com.br/novo/wp-content/uploads/2024/07/morro-do-careca-2.jpg.com.br/novo/wp-content/uploads/2024/07/morro-do-careca-1.jpg.com.br/novo/wp-content/uploads/2024/07/morro-do-careca.jpg” é um trabalho, como escrever poemas ou ler Pound.
Outro dia assisti a um “Globo Repórter” sobre cidades italianas na região de Toscana, onde a qualidade de vida é considerada a melhor do mundo. Lá as pessoas trabalham só o necessário e vivem sem ambições de consumo. Aliás, Domenico Di Mais foi entrevistado pela repórter global. A crueldade capitalista levou as pessoas a uma loucura e a um caos consumista que me assusta. Vejo este desesperada correria e volto para minha rede.