Não costumo consumir os textos do jornalista Luis Nassif. Ao analisar a vida política do país, Nassif pensa a correlação de forças entre os grupos em disputa como a luta do bem contra o mal. Muito maniqueísmo para o meu gosto.
Entretanto, no texto “Metodologia das pesquisas”, ele colocou o dedo na ferida.
Vale a pena conferir.
Do portal Luis Nassif
“Diferenças de metodologia” é uma maneira eufemística de analisar a metodologia da Folha em relação ao Vox Populi, Instituto Sensus e IBOPE. Pode parecer algo como “diferença de opinião” em que cada qual tem a sua e ambas são legítimas.
Na verdade, dos quatro institutos o Datafolha é o único que utiliza a metodologia mais vulnerável.
Os outros três pegam o perfil da população brasileira montado pelo IBGE. Depois, mapeiam estados, regiões, cidades, bairros e vilas. Anotam a proporção de casas e de população que reflitam o perfil montado pelo IBGE. Como vão de casa em casa – dentro da amostragem escolhida – os resultados refletem o perfil da população eleitora.
Já o Datafolha não. Montou uma metodologia menos rigorosa, visando economizar recursos. Na verdade, a estrutura do Datafolha é cheia de gorduras. Não consegue fazer pesquisas a preços competitivos com seus rivais. Essa gordura não está na parte analítica, mas no meio, na disfunção gerencial. Para compensar essa gordura, fez economia onde não devia: dispensou especialistas e montou uma metodologia falha, visando economizar na ponta – e não no meio, como deveria ser.
Assim, em vez de montar a amostragem rigorosamente, fazendo entrevistas de casa em casa, de acordo com um perfil de entrevistados condizentes com os dados do IBGE, coloca seus pesquisadores em locais públicos, caçando pesquisados na base do olhômetro. Esse aqui tem cara de ser secundarista, este de ser classe média. Só depois de preenchidos os questionários é que vão montar o perfil dos entrevistados – que acaba quase nunca batendo com o perfil da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio)
Com isso capta movimentos errados, monta amostragens incorretas – já que a idade, condição social e educacional dependem do olhômetro e acabam não refletindo o perfil da população brasileira levantada pelo IBGE.
Agora, nem isso justifica 9 pontos de diferença. Uma das duas está profundamente errada.