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Em defesa da Petrobrás Estatal ou Como pensa o “Capital”

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Mais uma vez por ai, sem ter o que fazer (na realidade o tenho, mas protelo sempre), vendo notícias e dou de cara com uma matéria publicada no UOL (link aqui). Um analista de Wall Street fala a respeito da petrobrás, apontando potencialidades e limitações da empresa. Bem, logo no começo eu tomo um susto com a afirmação (referente aos riscos corridos pela Petrobrás). Dizia ele: ” O perigo é que ela se aproxime da Petróleos Mexicanos ou Petróleos de Venezuela AS, as companhias nacionais do México e Venezuela respectivamente, que foram transformadas para promoverem várias causas sociais.”. Eu pensei: pera, deixa ler novamente, acho que pulei alguma parte e entendi errado… Mas não, ele estava realmente dizendo que uma corporação “desviar” parte de seus lucros (no sentido de uma mudança de política) para a melhoria do ambiente social é um prejuízo para o monstro devorador de lucros. Esse pessoal não consegue pensar de forma “relacional”?

O que mais me impressiona na matéria é a visão limitada no que se diz respeito à uma corporação. Homens como os de Wall Street deveriam ter uma formação boa o suficiente para entender que as corporações não tem como função unicamente obter lucros. Principalmente quando fazem parte do Estado (ou seja, não estão nas garras do capital privado e desumanizado) elas possuem também a função de zelar pela ordem social, ser um dos grandes aportes nas épocas de crises, a presença do Estado na esfera das indústrias de base é fundamental para a manutenção da estabilidade social. Em épocas de crise as empresas privadas são obrigadas a demitir, pois só podem existir se obtiverem lucros, com o capital globalizado, todo investimento que torna-se pouco rentável corre o risco de perder seus investidores. Assim sendo, em épocas de crise… capital privado é sinônimo de demissão e desemprego. O mesmo não ocorre com uma corporação estatal.

Esta pode operar no vermelho durante meses, talvez anos, como forma de amenizar efeitos da crise ou mesmo propositalmente devido os efeitos colaterais do prejuízo proposital . Se aumenta o desemprego, diminui-se o consumo, poupança, entre uma série de reações em cadeia que podem devastar a economia inteira de um país. Quem consegue descrever perfeitamente a situação é o cientista político, filósofo, lingüista etc. Noam Chomsky, onde nos coloca no documentário “A corporação” que: “As instituições públicas têm muitos benefícios colaterais. Elas são administradas com prejuízo. Não buscam o lucro. Podem ser administradas com prejuízo de propósito por causa dos benefícios colaterais. Se uma siderúrgica pública tem prejuízo ao vender aço barato para outras indústrias, talvez isso seja bom. Instituições públicas podem ter uma propriedade cíclica inversa. Elas podem manter empregos durante uma recessão o que aumenta a demanda e ajuda a sair da recessão. Há quem deseje que um dia tudo seja privado. Não falamos só de bens. Falamos de direitos humanos, serviços humanos serviços essenciais para a vida. Educação, saúde pública, assistência social, pensões, habitações.”
Enfim, é isso, o Capital com sua lógica inversa acaba por colocar o “sucesso das corporações” (entendendo sucesso como a capacidade de gerar lucros) acima mesmo do bem público… surge uma situação que beira à caricatura: É ruim pro país, mas é bom para empresa. São essas as palavras do capital que não consegue pensar relacionalmente….